Cissa Guimarães, de 67 anos, está vivendo uma excelente fase tanto pessoal quanto profissional. Ela consegue equilibrar a apresentação do programa Sem Censura (TV Brasil) com as apresentações da peça “Doidas e Santas”, atualmente em cartaz no Rio de Janeiro, em comemoração aos dez anos de sua estreia.
Cissa reconhece que o mundo mudou bastante desde o lançamento original de “Doidas e Santas” e se orgulha de ter acompanhado essa evolução. “Quando idealizamos a peça, eu estava prestes a completar 50 anos. Há 20 anos, uma mulher de 50 era vista como uma senhorinha. Agora, tenho 67. A mulher de 60 hoje é a de 50 de 10 anos atrás. Estou aqui, fazendo teatro, apresentando o Sem Censura, beijando na boca, cheia de desejo – não só o libido sexual, mas a pulsão de vida, de que Freud tanto falava”, contou ela em entrevista ao jornal O Globo.
A atriz e jornalista acredita que o espetáculo reflete e discute a emancipação feminina. “Beatriz, minha personagem, está casada há 40 anos. Ela trabalha, mas o marido nunca lhe diz ‘eu te amo’. Sua vida sexual é esporádica. Ela não se sente amada, mas suporta isso. Aquela ideia de ‘sou casada, tenho um homem para chamar de meu, filhos, trabalho… Está tudo bem’. Às vezes, não está. Hoje, as mulheres se submetem menos aos padrões culturais de status de relacionamento pelo rótulo ou por imposições sociais. Conquistamos espaços, mas ainda falta muito. [Ainda] há muitas mulheres submissas.”
Cissa admite se identificar com a busca da personagem por felicidade. “Me identifico com a Beatriz na luta por felicidade. Tive três casamentos. Quando não me sentia amada e percebia que não estávamos felizes, ‘acabou, tchau!’ A Beatriz demorou mais tempo. Em um momento da peça, pergunto: ‘Qual foi a última vez que você deu uma boa gargalhada?’ O público fica em silêncio. Hoje, não temos tempo para nada. Levamos os filhos à escola, vamos para o trabalho, fazemos sexo burocrático e jantamos olhando o celular. Essa pergunta fala sobre valorizar o simples.”