[ad_1]
São Paulo
Em uma eleição que reflete a polarização nacional, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem por ora mais votos entre os eleitores do presidente Lula (PT) do que Guilherme Boulos (PSOL) entre os do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o instituto, os dois estão tecnicamente empatados na corrida à Prefeitura de São Paulo. No principal cenário pesquisado, o deputado federal do PSOL aparece com 30% das intenções de voto, e o prefeito do MDB, com 29%.
Atrás deles, vêm Tabata Amaral (PSB), com 8%, Marina Helena (Novo), com 7%, e Kim Kataguiri (União Brasil), com 4%.
A pesquisa foi realizada nos dias 7 e 8 de março com 1.090 entrevistas. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
O levantamento mostra um padrão similar de confluência do eleitorado de Lula e Bolsonaro em 2022 para os dois candidatos na disputa paulistana de 2024.
Boulos tem 49% das intenções de voto entre os que votaram no petista há dois anos, e Nunes, 51% entre os que votaram no ex-presidente.
Cenário semelhante se repete quando se compara a intenção de voto na eleição paulistana com a votação do segundo turno para o governo do estado e com a classificação ideológica dos eleitores.
Nunes tem cerca de metade dos votos dos que escolheram Tarcísio de Freitas (Republicanos) e dos que se identificam como bolsonaristas. Boulos, o mesmo patamar entre os eleitores de Fernando Haddad (PT) e os petistas.
A diferença está quando se olha o quanto cada um conseguiu, até o momento, entrar no campo adversário. Embora ambos tenham dificuldade de furar a bolha, Nunes até o momento consegue avançar mais no eleitorado potencial de Boulos.
O Datafolha mostra o prefeito com 21% das intenções de voto entre os que declaram ter escolhido Lula no segundo turno de 2022. Já Boulos tem só 9% dos que dizem ter optado por Bolsonaro.
Da mesma forma, dos que afirmam ter escolhido Haddad no segundo turno de 2022, 19% dizem que agora vão votar no emedebista. O psolista, por sua vez, tem só 10% das intenções de voto dos eleitores de Tarcísio.
No grupo dos eleitores que se colocam no espectro bolsonarista, Boulos tem 9% das intenções de voto. Nunes tem o dobro entre os petistas.
Para o cientista político Felipe Nunes, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e diretor da empresa de consultoria e pesquisas Quaest, ocorre na disputa paulistana um “parodoxo de associação”.
“Embora o eleitor do Lula carregue um sentimento antibolsonarista muito forte, ele não está suficientemente convencido de que Nunes tem todos os defeitos de Bolsonaro”, diz. “Já os bolsonaristas estão convencidos de que Boulos tem todos os defeitos do Lula e mais alguns.”
Nesse quadro, afirma, caberá à campanha do psolista tentar aproximar a rejeição do prefeito à do ex-presidente. Segundo o Datafolha, 63% dos eleitores de São Paulo dizem que não votariam de jeito nenhum em candidato apoiado por Bolsonaro. No caso de Lula, esse índice é de 42%.
A diferença de percepção do eleitor se reflete nas estratégias dos dois líderes na disputa.
Por um lado, Boulos e Lula têm tentado evocar o caráter nacional do pleito e a necessidade de derrotar o bolsonarismo na maior cidade do país.
“Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial”, afirmou o presidente no início deste ano. “Uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente, é entre eu e a figura.”
O petista se engajou pessoalmente para trazer a ex-prefeita Marta Suplicy de volta ao PT para ela disputar a eleição como vice.
Nunes, por sua vez, diz que não é afilhado político de Bolsonaro, embora o chame de “democrata”, e tenta colar no adversário a pecha de radical.
Faltando ainda sete meses para a eleição, a cientista política Tathiana Chicarino, professora da Fesp (Fundação Escola de Sociologia e Politica de São Paulo), avalia que a vantagem do prefeito sobre o deputado psolista no eleitorado do campo rival não é muito expressiva para o momento do processo eleitoral.
Segundo o Datafolha, parte considerável dos paulistanos ainda não sabe quem são os candidatos apoiados pelo atual e pelo ex-presidente —46% no caso de Lula e 63% no de Bolsonaro.
Para Chicarino, a atuação de Marta como candidata a vice tem potencial de ajudar Boulos a furar a bolha.
Com gestão bem avaliada e popular nas periferias, Marta poderia, diz ela, atrair para a chapa eleitores que não votaram em Lula em 2022, mas têm boa memória da ex-prefeita e são mais impactados por políticas públicas.
Por outro lado, a cientista política avalia que Boulos terá dificuldade de angariar votos de segmentos que votaram em Bolsonaro ao tratar de segurança pública, que deve ser um tema importante da eleição. Ele deve ter mais chance, diz ela, ao abordar temas ligados a mobilidade e habitação.
[ad_2]
Source link