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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou, ontem, um recado claro ao PT e ao Centrão, que vêm forçando a saída de Nísia Trindade do Ministério da Saúde: ela fica. Nos últimos dias cresceram as movimentações para que ela seja removida da pasta e os partidos têm usado como argumentos o avanço da dengue em todo o país e os desperdícios e as supostas fraudes e nas compras dos hospitais federais do Rio de Janeiro.
Lula e Nísia tiveram uma reunião, de quase três horas, no Palácio do Planalto, em que trataram das pressões políticas e dos problemas que as ensejam. O presidente chamou a atenção da ministra e cobrou dela que “apareça” e tenha maior relacionamento com os estados e a imprensa — segundo fontes presentes ao encontro.
A ministra chegou ao Planalto por volta das 17h, acompanhada do secretário-executivo da pasta, Swedenberger Barbosa, e outros auxiliares. O grupo teria aproveitado a reunião também para apresentar a Lula um balanço das ações do ano passado e daquilo que está previsto para 2024.
As pressões para a substituição de Nísia não são recentes. Antes mesmo de assumir a Presidência, em 2022, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), levou a Lula o recado do Centrão de que o Ministério da Saúde interessava ao grupo. Nas reformas que foram feitas, no ano passado, no primeiro escalão, novamente se intensificaram as movimentações para substituir a ministra — da qual os petistas, inclusive, participaram.
Nome técnico
O que incomoda os partidos é que Nísia é uma técnica — sua atuação à frente da Fundação Oswaldo Cruz, durante a pandemia de covid-19, já tinha causado desconforto no governo Bolsonaro. Além do mais, ela maneja o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, algo que, em ano eleitoral, é razão de cobiça dos políticos que pretendem irrigar suas regiões de influência para obter um bom desempenho nas urnas.
Nísia, aliás, esteve ao lado de Lula, ontem à noite, na cerimônia de entrega do 1º Prêmio Mulheres da Água. Ela negou que tivesse chorado diante do presidente, por conta da pressão que vem sofrendo para que deixe o cargo, e assegurou que “foi uma boa reunião”. E adiantou que esta cuidando pessoalmente das questões relacionadas aos hospitais federais no Rio de Janeiro.
“Vai ser um processo. A situação dos hospitais é bastante difícil, mas nós já estamos conversando”, observou. Segundo fontes, há a possibilidade de decretar calamidade nos hospitais federais para que o Ministério da Saúde intervenha diretamente — e não parcialmente, como é o caso atual. Hoje, o governador fluminense Cláudio Castro se reunirá com Lula, no Planalto, e tal hipótese pode ser levada adiante.
Até agora, por conta dos desperdícios e fraudes nas compras das unidades hospitalares, Nísia exonerou Helvécio Magalhães Júnior da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde — Nilton Pereira assumiu interinamente e acumula a diretoria do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência. A ministra também tirou Alexandre Telles do comando do Departamento de Gestão Hospitalar — substituído temporariamente pela ex-deputada federal Cida Diogo, superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro.
As trocas ocorreram depois de denúncias trazidas por reportagem do Fantástico, da Rede Globo, exibida no domingo passado, sobre a situação precária nas unidades hospitalares federais no Rio de Janeiro.
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